AVENTURA: MOTOS ESPORTIVAS - QUEBRANDO PARADIGMAS?

Vamos quebrar alguns paradigmas?

Tema de discussões frequentes com amigos motociclistas (motoqueiros!?), o estilo da moto que cada um usa, pro seu dia a dia, mas principalmente pra encarar uma grande aventura de moto é o assunto que vamos tratar aqui hoje.

Vamos quebrar um paradigma?

Sem duvida, o mais confortável seria falar aqui o que todos querem e estão acostumados a ouvir:  maxi trails são adequadas a aventuras longas, esportivas são adequadas a tiros rápidos de poucos quilômetros, trails de média cilindrada são adequadas pra cidade e etc..

Mas, não podemos generalizar, eu viajei muito com motos de todos os estilos, os cerca de 600.000 km no lombo me dão direito de opinar. Leia o que relato abaixo, lembrando sempre que já tive big trails, maxi trails e não foram poucas.

Da mais "xoxa" 125cc, a mais arisca esportiva puro sangue, passando pelas trail de todas cilindradas, 2 e 4 tempos, 1, 2 e 3 cilindros. Sem contar as inúmeras motos que tive o prazer de testar em viagens-teste durante o tempo que testei motos para revista Duas Rodas.  Único estilo do qual não me atrevo comentar são as Custom. Tenho pouquíssima experiencia com elas, não me adapto bem a posição de pilotagem e ao estilo das motos, portanto, deixo isso pra quem conhece realmente.

Como tenho comentado neste site em outras ocasiões, "nasci" trail, fui "criado" trail - assim eram os anos 80.  Cresci e virei "big trail", como eram chamadas as Yamaha ténéré 600 cc naqueles tempos.
Depois passaram pela garagem Suzuki DR650, Yamaha SuperTénéré, e testes com GS1100, 1150, 1200, V-strom, Triumph Tiger 900, 1050 na revista.  As trail foram muito bem em minha vida, até que fui apresentado às esportivas. A primeira foi uma kawa zx-9r, com a qual rodei meus primeiros km em cima de uma esportiva e descobri que, alem de atingir o objetivo de qualquer viagem, podia atingi-lo com uma dose de prazer e adrenalina incomparáveis.
Assim foi, e a Kawa me levou a alguns lugares como:

Aparecida do Tabuado, MS
Porto Alegre, RS
Paraty, RJ (via cunha pela terra)
Montevidéu, Uruguai
Chapada dos Veadeiros, GO.

Opa! lugares não normalmente frequentados por uma esportiva, não é mesmo?  Pois é, se não são agora, imagina em 1999 ?!

Com o amigo André Gomes, num posto da Regis-Bittencourt quando descíamos até Montevidéu, em 1999

Entre as cidades de Cunha, SP e Paraty, RJ


Depois tive uma Yamaha R1, outra esportiva, essa ainda mais radical do que a ZX-9R. Suspensão dura, fama de intratável, aceleração bruta - em resumo, um prazer indescritível nas estradas!

Com ela me meti a viagens mais distantes um pouco, com ela também consegui juntar 14 certificados internacionais IronButt (bunda de aço - emitidos a quem viaja mais de 1.000 milhas em menos de 24 horas, embora existam certificados para 1.500 milhas em menos de 36 horas, 1.500 milhas em menos de 24 horas e outros, os quais possuo também).



A R1 ficou comigo durante 1 ano e 1/2 e neste período rodei nada menos que 100.000 km com ela. Nada convencional pra uma esportiva, não é?  pois é, fomos juntos pra:

-Laguna, SC
-Tres Lagoas, MS (essa foi num domingo, eu acordei cedo, o dia estava bonito, queria rodar  e não sabia pra onde, fui almoçar em Tres Lagoas e voltei, numa brincadeira de mais de 1.500 km num dia de sol) Bonito, MS
-Evento: Abraçando Rio Grande, RS
-Rio de Janeiro (ida e volta no mesmo dia, pra assistir Rio GP)
-Ushuaia (leia a matéria aqui)
-Florianopolis, SC
-Curitiba, PR
-Santiago, Chile (iron butt - coast to coast 30)
-Angra dos Reis, RJ
-Joinville, SC
-Machu Picchu e Deserto do Atacama (leia matéria aqui)
-Campo Grande, MS
-Serra da Canastra, MG
-Chapada dos Guimarães, MT (essa com garupa e fazendo os 1950 km de Atibaia até Chapada dos -Guimarães numa tocada só, sem parar)
-Serra do Rio do Rastro, SC
-Chapada Diamantina, BA
-São Luis do Maranhão (via Belém Brasilia)
-Retorno de São Luis Maranhão (via litoral)
-Balneário Camboriu, SC
-Jaragua do Sul, SC
-Alto Caparaó, ES
-Serras Gauchas, RS
-Bonito, MS - 
Entre outras tantas...

Na Belém-Brasilia com o amigo Guilherme Mônaco

Na Belém-Brasilia, fotografado pelo amigo Guilherme Mônaco

Ajeitando a bagagem na Belém-Brasilia

Indo ao Atacama - detalhe: naquela época o trecho era todo de Rípio (estrada de pedras soltas) - atualmente perdeu parte da graça - está tudo asfaltado!

Esportiva escolhe estradas?  Faltei a essa aula!

Lugar pra uma Super Esportiva?  eu mesmo respondo:  é sim! uma delicia! (Vale da Lua - San Pedro Atacama)

Cordilheira dos Andes - neve! delicia!

Ir a Ushuaia numa R1 ? ha 13 anos?  ... era assim

Ushuaia - E não é que chega mesmo?!

Fazia frio, começava a nevar, na noite daquele 31 de dezembro - chegando a Ushuaia pela primeira vez numa esportiva!

Até mesmo uma subida à Pedra Grande, Atibaia a R1 topou!

Foram viagens também distantes, algumas (maior parte delas) solitário e outras com garupa.  As fotos e o que passei até agora demonstram claramente que as esportivas sim, são capazes de leva-lo onde outras motos levam.

Nada contra as Maxi Trail, possivelmente viajarei em uma delas quando estiver com mais idade (bem mais), mas por enquanto, a adrenalina fala mais alto, e até mesmo a falta de conforto de tocar uma esportiva no Rípio me dá mais prazer do que longas retas na patagonia esgoelando o motor de uma bigtrail.

Você provavelmente não concorda, não é mesmo?  Não precisa concordar não. Ouço até hoje criticas de donos de reluzentes, impecavelmente limpas, e absurdamente equipadas maxi-trails, caras que raramente viajam em "roaming" (fora da area do 011)... dou de ombros e a festa continua!

Viagens realizadas pela America do Sul - em cima de Esportivas!

Depois da R1, vieram 2 Suzuki Hayabusas, com uma delas fui a Ushuaia novamente, e com a outra fui a Bahia, Punta del Este e etc.  Sem falar que quando tinha vontade, podia curtir nos autódromos:

Na Pista da Pirelli, em Sumaré, SP - teste de aceleração

No autódromo de Jacarepaguá, RJ

Um pega no autódromo de Curitiba, PR

No autódromo de Curitiba, PR


Esportiva sim... mas podem oferecer muito mais do que apenas "tiros rápidos"!!!

Você curtiu essa aventura? da uma olhada então na nossa seção de aventuras.

Comentários

  1. Ótima matéria, e realmente, as opiniões se divergem por todos os lados.
    A de se notar, que a mudança para as big-trails se generalizou mundo afora, pois notei que os amantes das estradeiras, nuas ou semi, perceberam que a cada ano que passa, elas ficam menores, e ficar dobrado(piloto e garupa) em cima, com o passar dos quilómetros, é mesmo sacrificante.
    Não sou um cara que tem verba para escolher moto, mas hoje, seria uma big-trail sem dúvida.
    Um casal amigo meu, mais baixos na estatura, possuem uma nua e estão satisfeitos, justamente pela medida deles, adequada a moto.
    Acho que ninguém vai discordar do seu texto, sua opinião.
    Tive amigos que desistiram de suas customs após uma longa viagem com elas, e não deram o braço a torcer. Trocaram de moto, marca e modelo.
    Como você mostrou, dá para curtir longas viagens com todo tipo de moto, e isso depende mais da cabeça de cada um. Eu curto muito minhas poucas viagens com a YBR(a trabalho) ou a CB 450.
    Tem-se que lembrar também de quem vai atrás, hoje em dia, não querendo ser esquecida.
    Parabéns mais uma vez.

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  2. Bela "reportagem", amigo. Cada macaco tem seu galho. No meu caso, não tive muitas motos, apenas uma "cegezinha" há + de 25 anos, uma CB 400 81 e agora tenho uma "7 Galo 88". Esta ultima, por um sonho realizado. Estou com ela há 2 anos, ando na cidade (o problema é o tamanho e o peso), e não faço viagens longas, mas, além de tudo como potência, ronco e beleza, gosto da posição de pilotar, que é confortavel e não cansa. A bolha ajuda contra o vento das auto-estradas também.

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