QUANTO VALE?
Uma situação muito comum é sair com as motos antigas pra dar uma voltinha, e a cada parada, seja para abastecer, padaria, oficina, restaurante - aquela rodinha se forma em poucos minutos e começa a saraivada de perguntas:
- caramba! Que ano é ?
- restaurada ?
- qual a km ? Mas original mesmo ?
- trata ela no iogurte ?
- coloca pra dormir na sala ?
- vende a moto ?
- Poxa parabéns !!
As vezes até mesmo andando no trânsito, motoristas abrem a janela e puxam conversa, ou simplesmente buzinam e fazem sinal de "jóia" com uma das mãos. É muito divertido!
Essas são perguntas divertidas e fáceis de responder, eu quando saio sozinho de moto e passo por uma sabatina de perguntas como essa (quase sempre acontece), ao chegar em casa comento com minha esposa: "hoje demos entrevistas na rua"...
Já outras perguntas não são assim tão simples de se responder, pra mim, uma das mais difíceis e pra qual ainda não achei uma reposta rápida e honesta é:
- que linda moto! Me diz uma coisa: quanto vale?
Poxa, quanto vale ? Eita perguntinha chata de se responder.
Pra mim elas valem muito. O suficiente pra recusar qualquer proposta. Eu disse: qualquer!
Portanto: realmente não tem preço.
Mas, existe a famosa "tabela fipe" que faz uma média dos veículos vendidos no Brasil num determinado período e divulga-se um valor. Mas é um valor médio, não da pra aplicar um valor médio pra um veículo acima da média, não é mesmo? Me recuso em admitir que a moto vale aquele valorzinho da tabela fipe.
Chutar qualquer valor pra alegrar quem lhe pergunta, também não faz sentido, o "entrevistador curioso" vai virar as costas e dizer " esse doido não sabe o que ta falando"...
Sinceramente, não sei o que a pessoa que faz essa pergunta espera ouvir.
Então acabo por simplesmente sorrir, digo que não sei o valor e que não vendo, tentando me livrar da embaraçosa pergunta e ouvir uma nova.
Mas certa vez, há uns 6 ou 7 anos, esteve em minha casa o amigo Cícero Lima e trouxe um outro amigo que tem uma grande loja de motos na capital paulista, e esse empresário não sei ao certo até hoje se por curiosidade, para testar, ou se realmente interessado, me assediou de uma forma que eu jamais havia visto: Ele começou perguntando o valor da minha XL250R - a vermelhinha, eu disse que não sabia, mas ele insistiu, disse que queria comprá-la, e me pediu que colocasse preço na moto, mas eu não podia, essa moto me foi dada de presente de aniversário aos 15 anos de idade, não se vende um presente!. Mas ele foi realmente insistente, e falava sério!. Dizia e repetia pra colocar valor na moto pois naquele dia ele a compraria. Parecia contrariado, mas eu, ainda que curioso pra escutar algum valor e entender o valor efetivo da moto, não tinha coragem de falar qualquer valor, pois e se ele batesse o martelo ? Não sou homem de voltar atrás e por outro lado não me imaginava ficar sem a vermelhinha. Enfim, a conversa não deu em nada, mas a história foi engraçada.
Mas, voltando a falar das "entrevistas": Domingo passado fui a padaria tomar o café da manhã com minha esposa, fomos com a Agrale Dakar 30.0 e, além das entrevistas normais, uma foi especialmente curiosa: Estávamos dentro da padaria e a Agrale esperando do lado de fora (infelizmente), lá de dentro eu com um olho mirava o misto quente e com o outro espiava a moto lá fora. Eis que parou um senhor com uma pequena trail moderna ao lado da Agrale, desceu de sua moto, rodeou, olhou, no painel, a capa do banco, parecia não acreditar no que estava vendo, com atenção conferiu a pintura do tanque, o motor, os pneus, deu mais umas duas rodeadas e, tão silenciosamente quanto chegou, saiu (satisfeito, espero!). Não tive a oportunidade de conversar com ele.
Outra situação frequente e curiosa é quando a polícia nos para: É bem comum ser parado em blitz policiais com nossas motos, afinal, infelizmente hoje em dia, motociclista é um suspeito em potencial. Mas, quando o policial percebe que não se trata de um bandido, que a moto é antiga e bem conservada, logo surge a conversa novamente..
Os colecionadores que nos lêem sabem muito bem como são as "entrevistas" e "saias justas" que citei acima, e talvez até tenham alguma sugestão de saída diplomática para o "quanto vale?".
E pra quem não coleciona mas curte "a ferrugem", "as velhinhas", eu encorajo: pode chegar, perguntar, curtir,olhar, fotografar à vontade!. É um grande barato satisfazer a curiosidade das pessoas, e, não nego: faz uma excelente massagem no ego exibido de todo colecionador!
Muito Legal, acho que todos que gostam de motos passam por isso. E no caso de quem tem uma antiga passa dos dois lados... Hora entrevistado outra entrevistador.
ResponderExcluirQuanto a pergunta embaraçosa eu respondo da seguinte maneira "Eu paguei X reais" e na seqüência vem a pergunta: você vende? .... Resposta: vendo pelo preço que paguei + 2 almas. Ai fica mais difícil concluir a negociação hehehehhe.
hehehe...sem dúvida, com as 2 almas a mais a negociação ficou emperrada !! a não ser que o cidadão seja nervoso, queira um desconto e decida usar a sua alma como parte do pagamento !!!
ExcluirLinda matéria. Um conhecido meu, saiu com sua CBX 1000 de 6 cilindros para ir de Bauru até Goiânia rever o irmão, e foi um festival, até policiais rodoviários com Harley e Bandits paravam para admirar a maquinona.
ResponderExcluirFoi como o encontro de Dodges de Jundiaí, um mais lindo que o outro, chamavam a atenção em 360º.
Demais.
Perceber a galera apreciando nossas raridades realmente massageia o ego. Valor comercial é um, valor afetivo n tem preço...
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