A MONTESA NO BRASIL

Até hoje, poucas imagens me marcaram tanto quanto uma moto Montesa, eu tinha cerca de 12 a 13 anos, começo dos anos 80, acelerava minha "monaretta" e sonhava com uma DT180... mas abastecendo em um posto de gasolina vi chegando uma Montesa.  Não sei dizer ao certo se era uma 250 ou 360, mas a vejo ainda hoje em minha memoria, como num filme:  Uma moto altíssima, pneus de cravos, tudo enorme, o barulho emitido pelo escapamento demonstrava sua força, impunha respeito... abasteceu e foi embora, fazendo mais barulho e fumaça ainda quando saiu.



Ha uns anos estive na Espanha, e conversando com amigos espanhóis sobre motos antigas, um me falou da Montesa, e eu contei a ele a historia de minha infância.  Eles nem sabiam que Montesas foram vendidas também no Brasil, ficaram interessados, e ai despertou-me o interesse em entender essa passagem, digamos assim, meteórica, da Montesa por nossas terras.

Em tempos que nem tínhamos motos off road no Brasil (DT e XL ainda não haviam sido lançadas) uma empresa do Paraná resolveu importar motos espanholas, aproveitando-se de uma oferta por haver sobra de estoques na fábrica espanhola, essa oportunidade fez com que as Montesas desembarcassem aqui nos anos de 1981 a 1983, os modelos que mais recebemos foram a Enduro 250 H6 e a Enduro 360 H6.

Caro leitor, imagine uma moto arisca, de acabamento muito tosco, ruim de asfalto (altura absurda e pneus de cravos), mas absolutamente especializada em off road... Assim era a Montesa, as nacionais, ainda mais toscas no acabamento do que as vendidas na Espanha, justamente porque toda essa parte de acabamentos (guidão, plásticos etc) foram fabricados no Brasil para atender a legislação vigente. Curitiba não é o que podemos chamar de polo das industrias de moto e moto peças, e os volumes de vendas da Montesa no Brasil eram pequenos demais...  Seu sistema elétrico era precário, nem mesmo luz de freio havia, mas mesmo assim conseguia ser emplacada em nossas terras!

Se você acha as Agrales motos ariscas, ficaria sorridente ao acelerar uma Montesa. Cerca de 40hp no motor de 360cc (potencia estimada pois a fabrica não divulgava) e uma subida de giros tipica de motores 2 tempos nervosos faz com que a roda da frente levante com muita facilidade em praticamente qualquer marcha, a relação muito reduzida garantia essa força toda, mas mesmo assim, a potencia era tao abundante que a moto atingia 130km/h. (corajosos os que se mantinham em cima dela acima dos 110km/h)!  Seu peso a seco era semelhante ao peso de uma DT180 -  dá pra imaginar agora?  Se a DT era leve pros seus 16,4cv....

As suspensões Marzochi Italianas, se ainda hoje são itens de customização caros e avançados, imagina só naqueles tempos, nós praticamente não sabíamos nem dar valor a isso... mas elas estavam a altura do conjunto e ofereciam desempenho profissional, seus cursos que superavam os 250mm com facilidade. Com isso a altura do banco ao solo se aproximava de 1 metro!  Moto somente permitida para os pernalongas ou acrobatas mesmo!

Infelizmente a Montesa sumiu das nossas ruas,  algumas poucas restauradas são disputadas à tapa por colecionadores e atingem valores semelhantes a de uma CBX750F dos anos 80 por exemplo...

Há cerca de 20 anos a Montesa (espanhola) foi comprada pela Honda, que manteve a marca e a fábrica, atuando em um nicho de motos especiais para competição, campo que a montesa continua mandando bem e conquistando títulos mundiais (trial).

Conheça mais sobre a Montesa, veja o comparativo que publicamos entre DT, XL e Montesa clicando aqui.

Comentários

  1. Impossível esquecer. Meu pai tinha açougue na Vila Prado, e um cliente de vez em quando aparecia com uma 360 H6, já com pneus de XL 250, creio eu. Um barulho dos infernos, mas andava paca. O cara tinha ainda uma BMW 250 de 1935. Demais.

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