YAMAHA RD350R
A viúva-negra-americana (Latrodectus mactans) é uma espécie de aranha da família dos teridiídeos, distribuída por toda a América. A fêmea possui coloração negra brilhante, com larga mancha vermelha em forma de ampulheta na superfície ventral do abdômen, e cerca de 1 centímetro de comprimento.
O nome provém do fato de a fêmea geralmente se alimentar do macho após a cópula.Sua picada é muitas vezes fatal. No Brasil, é encontrada atualmente próxima ao mar, sobretudo em praias pouco frequentadas. (Wikipédia)
Pois é, o nome pegou! Inicialmente assim eram chamadas as primeiras RD350 (da década de 70), a razão era simples, um desequilíbrio (delicioso) entre motor, quadro e freios. Sobrava motor! Dessa sobra ninguém reclamava, mas seu quadro e freios lhe deram a fama... Como a aranha, a motocicleta na década de 1970 matou vários pilotos logo depois de lhe dar prazer! E como no ditado: "quem tem fama, deita na cama". As RD da década de 1980 herdaram o cruel apelido.
A RD350R ou a RD350LC tem bom quadro (aliás, excelente, derivado da TZ250 de competição) e freios adequados (2 discos dianteiros e 1 traseiro), além de pneus modernos (radiais e sem câmera no final dos anos 80). Mas a fama já existia e eu mesmo, enquanto pilotava minha RD 1991, cansei de ouvir: "olha moço, cuidado! essa moto é assassina pois não tem freios..."
Caramba, bastava olhar pra ela e comparar com a "verdadeira viúva-negra" e seus freios a tambor!
Mas tudo bem, essa face polêmica fazia parte do caráter desta motocicleta. Palavras como "tudo ou nada", "bandida", "nervosa" sempre estavam no vocabulário de quem falava da RD.
Seu motor, sempre foi 2 cilindros e 2 tempos, mas no início refrigerado a ar e nas mais modernas com refrigeração líquida (dai vem o LC - Liquid Cooled - de seu sobrenome). A potência sempre foi encontrada nos altos giros, isso fazia dela uma moto de caráter bem esportivo. A RD da década de 80 possuía uma válvula chamada pela Yamaha de YPVS que era capaz de fechar parcialmente a janela de escape nos baixos giros garantindo um pouco mais de torque nas primeiras rotações do motor. A válvula abria-se por completo por volta das 5.500 - 6.000 rpm, quando o piloto podia desfrutar de um delicioso soco no estômago, causado pela entrega bruta e repentina da potência. Reforçando seu caráter bandido e aumentando a fama de má! (Eu não vejo nada de maldade nisso....). Seu desempenho era expressivo, velocidade final bem próxima dos 200km/h e aceleração de zero a 100km/h sempre abaixo de 6 segundos nas diferentes medições.
Quando lançada (ou relançada) no Brasil em 1986, trazia apenas uma semi-carenagem, assim permitia que víssemos sua bonita mecânica, e o farol era retangular, freios a disco sólidos.
Logo em seguida foi atualizada - recebeu carenagem integral, freios ventilados.
E no final dos 80, início dos 90, chegava sua última versão, com pneus radiais sem câmera, faróis duplos redondos, carenagem integral, freios ventilados...
A moto foi, desde a década de 70 a principal rival da honda CB750F (CBX750F nos 80), tendo desempenho semelhante, apesar da diferença enorme de cilindrada. Isso explica-se pela arquitetura do motor (motores 2 tempos são mais eficientes do que motores 4 tempos) e pelo baixo peso, a Yamaha soube explorar muito bem esses dois fatores e a RD vivia se pegando com as "7galo" nos semáforos das cidades. Os hondeiros diziam que não dava nem pro cheiro, os yamahistas caçoavam dos hondeiros, pois além de andar na frente, tinham pago menos da metade do valor na aquisição da motocicleta. O fato é que o desempenho de ambas era muito parecido, e dependendo da regularem ou do braço de quem a acelerava, uma ou outra levava vantagem.
Num Brasil de importações fechadas e poucas opções de motocicletas, as revistas especializadas testavam exaustivamente cada modelo disponível, a RD foi comparada por pelo menos uma dezena de vezes com a CBX...
outras vezes chegou a ser comparada até com a XLX350R (isso é que é falta de pauta hein ?!?)
Havia naquela época também um campeonato de motovelocidade monomarca, exclusivamente com RD350R, trazendo muita emoção e lançando grandes nomes do motociclismo nacional, a Copa RD350.
A RD350 não é "apenas" uma moto clássica, muito mais que isso, é uma moto lendária!
Ficha Técnica 12/07 |
Motor | Bicilíndrico de dois tempos, refrigerado a água, com circuito selado, cilindros paralelos inclinados para a frente, Torque Induction, sistema YPVS controlado por microcomputador, dois carburadores VM Mikuni com 26 mm de venturi bicromatizado |
Cilindrada | 347 cm³ |
Diâmetro e curso | 64 x 54 mm |
Taxa de compressão | 5,0:1 |
Potência máxima | 55 CV a 9.000 rpm |
Torque máximo | 4,74 Kgfm a 8.500 rpm |
Transmissão | Seis velocidades, de engrenamento constante, transmissão secundária por corrente, partida a pedal, embreagem multidisco em banho de óleo, com acionamento Push Lever |
Relações de redução | 1) 36/14 - 2,571:1 2) 32/18 - 1,778:1 3) 29/22 - 1,318:1 4) 26/24 - 1,083:1 5) 25/26 - 0,962:1 6) 24/27 - 0,889:1 |
Relação primária | 66/23 - 2,869:1 |
Relação secundária | Coroa de 39 dentes e pinhão de 17 dentes - 2,294:1 |
Comprimento | 2.120 mm |
Largura | 690 mm |
Altura | 1.190 |
Altura do banco até o solo | 780 mm |
Distância entre eixos | 1.385 mm |
Altura livre do solo | 165 mm |
Peso em ordem de marcha | 176 Kg |
Capacidade do tanque de combustível | 17 litros incluindo 3 litros de reserva |
Capacidade do tanque de óleo dois tempos | 1,56 litros |
Capacidade de óleo do câmbio | 1,7 litros |
Quadro | Tubular em berço duplo com fixação ortogonal do motor |
Caster | 26º |
Trail | 96 mm |
Suspensão dianteira | Garfo telescópico hidropneumático de ação progressiva com sistema Variabel Damper com curso de 150 mm |
Capacidade de óleo em cada bengala | 287 cm³ |
Suspensão traseira | Monoamortecimento central, Monocross, regulável em sete posições com curso de 40 mm |
Curso da roda traseira | 100 mm |
Pneu dianteiro | Pirelli 90/90-18 51H - pressão 28 lb/pol² |
Pneu traseiro | Pirelli 110/80-18 58H - pressão 32 lb/pol² |
Freio dianteiro | Disco duplo de acionamento hidráulico com pistões contrapostos, pastilhas semi-metálicas, diâmetro do disco 267 mm |
Freio traseiro | Disco simples de acionamento hidráulico com pistões contrapostos, pastilhas semi-metálicas, diâmetro do disco 267 mm |
Sistema elétrico | Ignição eletrônica CDI, 12 Volts, com magneto e bateria 12V x 5,5A, alternador 182 Watts |
Velas | NGK BR8ES resistiva |
Farol | 12 Volts, 60W/55W bulbo de quartzo |
Cores | Preta e branca |
Ano de lançamento | 1986 |
Fim da produção | 1993 |
Fabricação | Nacional |
Sensacional lembrança. Como diz a propaganda, andar com ela, só se for na garupa.
ResponderExcluirNão curto muito as esportivas, mas as RDs, 350 e a 500 V4, são um sonho, sem dúvida.
Lembro-me, aqui em São Carlos, na marginal, na garupa da antiga Viúva Negra de 75, Kichute novinho, deixando um coitado com sua recém-lançada CB 450E comendo poeira(ou seria cheirando fumaça?). Isso em 85!
As que foram lançadas aqui, com 55 cv em 1986, perdiam para as européias pela qualidade(a falta dela) da nossa gasolina. Lá fora tinha 63cv, um míssil!
Parabéns por relembrar dessa ainda hoje amada motocicleta.
Realmente uma moto especial, tive o prazer de pilotar uma de um amigo..
ResponderExcluirCesar
Uma moto sensacional, mas p/ percursos mais longos, te deixava quebrado. Diria q a RD é boa de arrancada, mas a Galo é melhor de final...
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